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TI de Salto: as mulheres na tecnologia

Livro traz histórias inspiradoras de mulheres que trilharam este caminho para inspirar jovens na escolha da profissão. Com relatos emocionais, tem narrativas de mulheres que quebraram barreiras como o machismo para virarem grandes executivas no setor de tecnologia

06.04.23 - 10H11 Por camillalima
Sylvia Bellio é CEO e Co-fundadora da Itltech

O mercado de Tecnologia da Informação (TI) tem crescido no mundo todo. No Brasil, não é diferente. A expectativa é que o setor avance 6,2% neste ano. Seguindo essa tendência, o número de mulheres neste mercado também têm crescido, pelo menos é o que aponta um estudo da companhia norte-americana de outsourcing de TI, BairesDev (acesse o estudo completo aqui). Mas mesmo com uma maior representatividade no segmento, a equidade de gênero ainda é um desafio.


E essa realidade começa ainda na base. De acordo com o IBGE, há uma enorme disparidade entre mulheres e homens nos cursos de graduação em áreas de exatas. Em 2019, somente 13,3% dos alunos de Computação e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) eram mulheres. Se na graduação a disparidade reina, no mercado de trabalho a realidade segue no mesmo rumo: elas representam somente 20% dos profissionais do setor de tecnologia. A porcentagem é ainda menor se considerarmos as posições de liderança nos empreendimentos na área – apenas 16% das empresas de tecnologia da América Latina têm mulheres ocupando os postos mais altos de comando [CIO Survey 2020].


Sylvia Bellio ainda era adolescente quando decidiu cursar eletrônica. Na época, era a única mulher da turma. Mas o sexismo nas organizações a seguiria por toda a carreira – afinal a área da tecnologia, assim como naquele cursinho há décadas atrás, sempre foi uma área essencialmente masculina. Mas o tempo passa, as discussões de gênero avançam e Sylvia, hoje empresária, decide que pode fazer mais para reverter essa realidade e mostrar para outras mulheres que é possível sim empreender nesta jornada tecnológica.


Sylvia decidiu também empreender na área e hoje é CEO e Co-fundadora da Itltech – empresa do segmento da tecnologia especializada em infraestrutura -, e acompanhando as histórias de tantas outras mulheres decidiu organizar um projeto onde pudesse lançar luz às trajetórias de sucesso daquelas que decidiram trilhar pelo caminho da tecnologia. Assim poderia inspirar outras jovens na escolha de suas profissões. O projeto Conte sua história começou em 2020 e ganhou formato de publicação, com o objetivo de compartilhar histórias de mulheres da vida real.


O terceiro volume da série, intitulado TI de Salto: volume 3, foi lançado em março deste ano e traz depoimentos e contribuições de 22 mulheres – além da própria Sylvia – que fazem ou fizeram parte do mercado da tecnologia. Histórias como a da executiva Claudia Ferraz. Com mais de 30 anos de carreira em tecnologia da informação, ela contribuiu para o estabelecimento de importantes ferramentas tecnológicas que temos atualmente.


Claudia começou a trabalhar com IA ainda nos anos 90 e chegou a ter um time só de mulheres para implantar Business Intelligence, em 1991. “Outro dia me perguntaram qual a minha esperança para daqui a cinco anos sobre mulheres na transformação digital. Respondi que esperava que falássemos somente sobre transformação digital, que o gênero da pessoa de TI não importasse, e sim a tecnologia”, afirma na esperança de naturalizar a presença feminina nesses espaços.


A introdução deste volume é de Rosandra Silveira, que tem 25 anos de experiência em posições de liderança e há 12 anos é executiva sênior em grandes empresas de tecnologia. Ela afirma como apesar do evidente crescimento na inserção de mulheres em empreendimentos que atuam com tecnologia, ainda há uma grande disparidade de representação e de salário. Rosandra escreve que esse cenário é resultado inclusive de uma espécie de “preconceito biológico”.


Rosandra pontua que durante muito tempo se imaginou que mulheres teriam em sua programação genética a predisposição para atuar em áreas de cuidado humano e por isso se interessariam menos por assuntos de exatas. Porém o que diversas pesquisas tem demonstrado é que não há essa discrepância de interesses. O que acontece é que a sociedade acaba reproduzindo estereótipos de gênero que afetam as meninas, que enxergam desde pequena que tecnologia é “coisa de menino”: “Enquanto estereótipos de gênero persistirem incrustados em nossa cultura, esses sentimentos não desaparecerão”, defende Rosandra.


“As mulheres são minoria no setor de tecnologia e isso não significa que a contribuição delas é pequena, muito pelo contrário. A ideia do livro, que está chegando na terceira edição, é exaltar grandes trajetórias de pessoas que venceram o preconceito, o machismo, a desconfiança e até a autossabotagem para prosperarem e contribuírem com o desenvolvimento de novas tecnologias e, consequentemente, com o desenvolvimento do país”, reforça Sylvia sobre o livro.

Serviço: 

TI de Salto: Volume 3
Organizadora: Sylvia Bellio
Editora: Árvore Digital
Venda online: https://www.arvoredigitaleditora.com.br/produto/ti-de-salto-vol-iii/ 
Valor: R$65,00

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