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Brasileira é ouro em empreendedorismo no país das olimpíadas

Faturando cerca de 20 milhões de ienes, Priscilla Kajihara é referência em micropigmentação no Japão

03.08.21 - 08H50 Por camillalima
Formada em administração de empresas e micropigmentadora de sucesso no Japão, Priscilla Kajihara é especialista em maquiagem permanente, artista da escola PhiAcademy e expert na técnica microblading sendo considerada uma referência no mercado internacional com técnicas avançadas de simetria facial, visagismo, colorimetria e camuflagem. (foto: Acervo Pessoal)

O ano era 2003, quando Priscilla Kajihara, 37, colocou os pés pela primeira vez no Japão. Apesar da ascendência japonesa, a menina de 19 anos quase não havia tido contato com a cultura de seus antepassados. Quando surgiu a oportunidade, agarrou: “Fui com a cara e a coragem. Vim com uma tia, mas após três meses morando aqui, ela se mudou e eu fiquei por minha conta e risco em um país que eu não sabia nem o idioma”, conta.

Mas Kajihara tinha um sonho em mente, sua independência financeira. E o Japão foi a saída, ou melhor, a entrada para alcançar esse objetivo. Mas além do idioma, enfrentar uma cultura tão diferente foi, de cara, um de seus principais desafios. A ascendência, porém, lhe facilitou o visto e sua entrada para o mercado de trabalho. “Aqui os imigrantes quando chegam trabalham com manufatura. Comigo foi igual, trabalhei em várias fábricas, de vários setores, por 10 anos”.

O futuro ainda era incerto, mas aos poucos Priscilla foi desenhando seu caminho. Com o sangue empreendedor correndo em suas veias, seus pais eram empreendedores aqui no Brasil, Priscilla já havia investido em outros segmentos na tentativa de criar um negócio: decoração de festas e uma loja virtual de acessórios foram suas primeiras apostas até encontrar algo em que realmente era boa.

Sempre atenta ao mercado da beleza, não tinha dificuldades quando o assunto era maquiagem e sobrancelhas. Não demorou para descobrir o talento de suas próprias mãos: “Fui descobrir que tinha um talento para fazer sobrancelhas quando as minhas amigas do trabalho passaram a reparar em mim e perguntavam quem tinha feito as minhas sobrancelhas.

A partir daí eu comecei a fazer as delas. Foi ali, que eu vi uma oportunidade”. E mais uma vez, ela agarrou. Foi em busca de fazer seu primeiro curso de design de sobrancelhas, tinha 25 anos. Foi treinando novas técnicas, aprimorando suas habilidades e, claro, juntando dinheiro com o pensamento no futuro. Já tinha expertise na área do design de sobrancelhas, mas seus olhos brilharam mesmo quando descobriu a micropigmentação. Foi amor à primeira vista.

Decidiu, então, que seguiria por esse caminho e investiu na especialização em uma das maiores escolas do mundo na técnica de Microblanding, um procedimento de maquiagem semipermanente. “Naquela época isso era novidade, não haviam profissionais que fizessem esse tipo de procedimento e aquelas sobrancelhas com fios desenhados um a um foi a coisa mais linda que eu já tinha visto”.

Mas junto da boa descoberta profissional, Priscilla encontrou outra grande e difícil barreira: em 2013, foi diagnosticada com câncer de mama. Após passar por diversas cirurgias, radioterapias, quimioterapias e uma mastectomia, ela encontrou na nova habilidade adquirida força para seguir adiante: “A micropigmentação entrou num momento muito difícil da minha vida, mas ela veio como uma forma de eu esquecer a doença, então ela foi uma coisa muito boa e eu jamais pensei em desistir”, conta.

Kajihara conseguiu se especializar na PhiBrows e após muitos estudos, dedicação e horas de sono perdidas, abriu em 2017, junto de seu companheiro, Gustavo Matsumoto, o PK Studio, na cidade de Komaki, província de Aichi, no Japão. Foram investidos cerca de 10 milhões de ienes (o equivalente a 500 mil reais). Além do serviço em sobrancelhas, o Studio oferece micropigmentação capilar para quem sofre de calvície ou Alopécia, delineados nos olhos e revitalização dos lábios.

Já foram mais de 10 mil procedimentos realizados. “Me dediquei muito, estudei e investi horas de sono para poder desenvolver minha própria técnica e conseguir chegar aos resultados mais naturais possíveis. Sou apaixonada por microblanding e quanto mais eu a desenvolvo mais linda e natural as sobrancelhas ficam”. Hoje, o PK Studio fatura, aproximadamente, 20 milhões de ienes (R$1 milhão).

Para quem pretender abrir um negócio fora do país, Priscilla aconselha: “Uma dica bem legal para quem quer empreender fora do país é procurar as “comunidades brasileiras” que existem ao redor do mundo. Geralmente os brasileiros que moram em outros países vivem próximos uns dos outros, em grupos, as ditas “comunidades”, e fazer algo voltado para esses brasileiros residentes no exterior é algo muito lucrativo, pois cada comunidade tem suas demandas”, afirma Kajihara.

“Empreender em outro país pode parecer difícil, mas não é, e a gente só descobre isso depois que faz. É obvio que a gente tem que seguir todas as diretrizes, vê como funcionam as coisas, mas o maior desafio é saber que você é capaz. Apesar de todas as dificuldades, mesmo sendo estrangeiro, a gente tem sim a possibilidade de ter nosso próprio negócio, isso em qualquer lugar do mundo”, finaliza a empreendedora que agora tem planos de expandir para seu país de origem.

Seus planos de vir para o Brasil assim que a situação da pandemia da Covid-19 melhorar, revezando sua estadia no Japão, incluem não só a inauguração do PK Studio em terras brasileiras, como também a da sua própria escola de micropigmentação, a PK Beauty Academy. “Levaremos técnicas como o microblading que reproduz fios super-realísticos e de medição que vão ensinar tanto pessoas a fazerem sobrancelhas do zero, como profissionais da área que precisam dar um upgrade na profissão e melhorar seus atendimentos. Quero levar um método que vai profissionalizar e mudar a vida das brasileiras”.

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