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O social, ambiental e a governança nas MPE’s

Gerar renda e valorizar o artesanato cearense. Foi com esta premissa que, em 2005, nascia a Catarina Mina, marca 100% cearense que, ao longo dos anos, vem aprimorando suas ações para se tornar um negócio cada vez mais sustentável

20.09.22 - 12H21 Por camillalima
As bolsas da marca são, em sua maioria, desenvolvida com materiais sustentáveis/ Foto: Divulgação

A decisão de empreender veio de forma intuitiva e até impulsiva, para Celina Hissa, criadora da marca Catarina Mina. Nada foi muito planejado: “Era apenas uma vontade de fazer coisas que eu acreditasse. Eu sempre quis que a minha criatividade tivesse uma função no mundo”, afirma a designer que há 12 anos deu início a marca 100% cearense, que desde o início já pensava na perspectiva do social, ambiental e governança na pequena empresa.

Celina sempre trabalhou com a criação de produtos. Na agência, sua criatividade dava forma a projetos gráficos, mas a vontade da designer era a de materializar produtos que pudessem existir no mundo, digamos, físico. Foi aí que surgiu a ideia das bolsas, um produto de fácil aceitação e que, – aliado ao design e criatividade – , poderia ser a porta para um mercado promissor. E foi. Hoje a marca alcançou não só novos públicos como agregou valor ao artesanato cearense: “A gente fala muito sobre repensar os laços entre designers, artesãos e consumidores, sobre fazer a renda chegar em lugares onde ela não circulava através do artesanato, a gente tem muito claro o que motiva a gente”, ressalta Celina.

Ainda em 2005, o escopo do que viria a ser a empresa começou abrindo um diálogo franco com a principal ponta da cadeia produtiva, as artesãs que teceriam a muitas mãos o principal produto da marca. Assim, quando a ideia de negócio saiu do papel, já nasceu com a premissa que hoje muitas grandes empresas vem adotando: os princípios da agenda ESG, que versa sobre o social, o ambiental e a governança. “A gente tinha muita vontade de atuar com impacto social, era muito sobre fazer do artesanato algo de longo prazo, mais importante do que trabalhar com vários grupos era trabalhar com artesãs a longo prazo, fazer com que o artesanato fosse entendido como uma renda, uma renda justa para as artesãs que estivessem envolvidas na cadeia. E aí com o tempo a gente foi entendendo várias coisas relativas a isso, inclusive o impacto ambiental é algo que tem sido cada vez uma preocupação maior nossa, a gente entende que precisa priorizar o impacto social por que isso é a nossa razão de ser principal”, enfatiza.

Algodão orgânico e reciclado, viscose reciclada, palha de seda são algumas das matérias-primas que estão conectadas com esse olhar da Catarina Mina para o ambiental. Mudanças que foram sendo implementadas ao longo dos anos para que a marca pudesse estar cada vez mais alinhada a estes princípios – onde negócios e a preocupação com o meio em que vivemos caminham juntos: “Já faz mais de dois anos que a gente tem pesquisado novas matérias-primas, que a empresa tem estado alinhada a esses indicadores, e isso tem feito parte do nosso dia a dia. Hoje, a gente tem organogramas, a gente tem modelos de gestão focados em ativar indicadores, em elaborar relatórios, pensando que às vezes mais importante do que o resultado financeiro da empresa, são os resultados de impacto. Então a gente tem olhado muito pra isso”, ressalta Celina.

Este ano, a Catarina Mina inaugurou sua primeira loja física, mas com o crescimento vem também os desafios de manter todos esse sistema funcionando, rentabilizando as artesãs de maneira justa pelo seu trabalho, pensando no impacto para o meio-ambiente e empreendendo a governança, sinalizando com sucesso para a agenda ESG: “Hoje, a gente olha pra isso e vê como é que a empresa vai crescer e garantir que tudo isso permanece como pauta. Então a gente tem cuidado muito da governança da empresa. Os gestores terem esses indicadores sociais, ambientais, todo mundo estar alinhado com o nosso propósito. Pra gente é essencial estar alinhado com isso, por que hoje não faz sentido criar novos negócios que não sejam por uma regeneração do mundo. Se a gente não estiver colaborando para um mundo melhor, o negócio não faz sentido de existir, essa é a nova mentalidade que vem surgindo, e a Catarina Mina já nasce com essa mentalidade”, reforça.

Lá na ponta, de olho em tudo isso, está o consumidor que tem ficado cada dia mais atento ao propósito das marcas que consome. De acordo com uma pesquisa feita pela consultoria Mckinsey, 85% dos brasileiros dizem que se sentem melhor comprando produtos sustentáveis. Ou seja, para além de ser um modelo de negócio, essa será uma premissa buscada por novos consumidores: “É muito sobre como é que a gente, como consumidores, vai estar cada vez mais olhando para empresas como algo além de produtoras de produto, mas sim produtoras de novos mundos. É menos sobre as marcas e mais sobre uma nova educação de consumidores que vem vindo aí. E isso não depende só das marcas, depende dos meios de comunicação, de políticas públicas, de uma série de fatores que garantam um ecossistema para que as pequenas empresas consigam estar alinhadas com tudo isso. Estarem entregando para o mundo muito mais do que produtos, estarem entregando valores, estarem entregando reciclagem, estarem entregando o repensar de cadeia produtiva, formas justas e que não poluam o meio-ambiente”, exemplifica.

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