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Com açúcar e com afeto, eles fazem seu doce predileto

Tábita queria fazer renda extra pra casar, mas a saída para o sonho virou porta de entrada para o empreendedorismo

16.02.22 - 06H16 Por camillalima


“Saí do trabalho sem saber como seria a nossa vida, mas só existia uma opção, que era continuar. Nunca existiu a opção de não dar certo”.(foto: Acervo Pessoal) 

Biscoito é algo que remete a infância. Mas por aqui, de uns tempos pra cá, eles ganharam não só sotaque estrangeiro – sendo chamados pelo nome em inglês, como também moldes artesanais, e foram a porta de entrada de muita gente no universo do empreendedorismo. Geralmente, começam na cozinha de casa quando precisam de renda extra. Aprimoram receitas, mudam ingredientes, quando dão por si a renda extra vira renda principal.

E se você achou que a iguaria é de origem americana, doce engano. A palavra cookie vem do alemão koekje, que significa pequeno bolo. Ganhou esse nome porque era feita a partir da massa de um bolo e usada para testar a temperatura do forno antes de colocar o bolo inteiro para assar, minimizando os erros. Mas foram os britânicos que descobriram as bolachinhas e acharam que combinaria com seu tradicional chá. Já na América, os cookies chegaram com as colonizações britânicas e alemãs. Com o alto preço do açúcar por aqui, eram poucos os que faziam os doces para consumir, mas nos Estados Unidos, virou mania.

Tábita Pereira, 30, é uma dessas pessoas que recorreram aos cookies quando precisou de um dinheirinho extra no caixa. Trabalhando no setor comercial de uma grande empresa cearense, ela queria casar, mas para isso precisava de capital. Pesquisou uma receita e deu o ponta pé inicial do projeto renda extra pra casar: “Começou como uma “brincadeira” de vender no trabalho e para os amigos. Mas eu lembro que desde o começo já estabelecia metas de vendas, por semana eu tinha que vender ‘X’ cookies”.

Focada – e organizada, ela conta ainda que quando não batia a meta de vendas dentro da empresa em que ela trabalhava, corria direto pro churrasquinho da esquina, onde vendia os cookies restantes. “Daí eu chegava e perguntava, você conhece a Maria Cookie? A pessoa dizia que não, né. Aí eu dizia, pois deixa eu te apresentar, deixa eu te dar uma degustação… Às vezes a pessoa já dizia, mas eu não estou com dinheiro. E eu já emendava: não tem problema, tenho uma maquininha. Então assim, a pessoa trazia um problema e eu já tinha a solução”, sorri.

Tábita pegou cerca de R$300 do seu salário para o investimento inicial. Comprou açúcar, manteiga, farinha, enfim seus primeiros insumos. “A gente não tinha capital, então a gente fazia, vendia e guardava o dinheiro. Fazia, vendia e guardava. O maior desafio foi justamente esse, começar algo do zero sem ter dinheiro pra investir e, ao mesmo tempo, precisando de dinheiro”. Foi então que percebeu que a receita tinha boa aceitação e passou a ampliar as fornadas, confeccionadas na cozinha de casa, entre um turno e outro da firma. “Como eu tinha outro trabalho tinha que otimizar o máximo de tempo possível. Então durante a noite escutava podcasts, palestras, aulas, tudo sobre negócios enquanto fazia barra de chocolate”. Assim, a futura empreendedora foi aprimorando seus conhecimentos na área, não só de técnica, mas em tudo que pudesse catapultar seu negócio embrionário.

E em janeiro de 2020, surge a Maria Cookie. Dois meses depois, a nova empreendedora decide que é hora de concentrar esforços e deixa pra trás a Tábita da CLT: “Saí do trabalho sem saber como seria a nossa vida, mas só existia uma opção, que era continuar. Nunca existiu a opção de não dar certo. Fui muitas vezes fazer compras de insumos com medo da Covid”, lembra.

Foi em busca de especialização, de aprimorar suas receitas e começou a apostar forte na divulgação do seu produto investindo nas redes sociais e, principalmente, nos Digitais Influencers: “As redes sociais é a nossa maior vitrine porque ela é a nossa loja, onde todo mundo conhece a gente. E eu sempre enviei ‘recebidos’ pras blogueiras, então comecei a ficar vista”. A visibilidade cresceu tanto que ela foi contatada por um dos maiores aplicativos de delivery de comida da América Latina. E isso foi o pontapé que ela precisava para a formalização do seu Negócio, em agosto de 2020. Além de agilizar suas entregas, o aplicativo abriu as portas para que outras pessoas chegassem até a marca.

Com a movimentação crescente de clientes e de motoqueiros no seu condomínio, logo precisou de um espaço para chamar de Maria Cookie. “Chegou o dia das mães, o dia dos namorados e a procura só aumentava até que surgiu a oportunidade de ter nossa primeira cozinha, e hoje estamos indo para o nosso espaço próprio que é mais um degrau dessa jornada”, reitera Tábita orgulhosa do progresso. Hoje, o negócio de Tábita já soma mais de 11k de seguidores no Instagram. Mas como nem só de likes e seguidores vivem os pequenos negócios, a empreendedora dá algumas dicas para crescimento nas redes, mas mais importante, converter números em vendas. Mas antes, para os curiosos de plantão, Tábita casou, no dia 29 de agosto de 2021.

1 – Participar de vendinhas: por exemplo em feiras colaborativas como a Auê Feira
2 – Parceria com lojas: enviar produtos para ensaios fotográficos, para lançamento de coleção, para os melhores clientes…
3 – Parceria com blogueiras e influencer
4 – Fazer lista de transmissão no WhatsApp da empresa
5 – Criar combos para cada dia da semana ou combos fixos
6 – Pesquisar datas comemorativas e fazer um cronograma de ações
7 – Fazer cartão fidelidade e trabalhar com cashback
8 – Ter um cronograma de postagens
9 – Programar tudo o que vai fazer durante o ano todo (Na Maria Cookie já realizamos o planejamento até o natal)
10 – Estar aberta para buscar pontos de melhoria com os feedbacks dos clientes

Confira ainda o 1º texto da série

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