Posts

Quando o sonho de empreender sai do papel

A potência de negócios femininos: das dificuldades ao fortalecimento da economia

09.08.22 - 01H58 Por camillalima
Kellyane hoje é especialista em hambúrguer e já conta com 4 funcionários para dar conta da demanda/ Foto: Elson

Juliana Vieira, 42, acorda às 7h da manhã. Logo cedo já está no supermercado para comprar os insumos – carne, frango e temperos – , que resultarão nos famosos espetinhos, que há que cerca de 10 anos compõem a renda familiar da empreendedora. O pequeno negócio começou quando Juliana e o marido decidiram que já não valia mais a pena trabalhar para os outros: “meu marido já trabalhava como passador de carne numa grande churrascaria, foi aí que surgiu a ideia de colocar um espetinho na Praia de Iracema”.

Ela conta que no começo foi tudo muito difícil, principalmente porque Juliana não contou com nenhum capital de giro que pudesse amortecer as despesas iniciais: “comecei com a cara e com a coragem”, brinca. Mas com o tempo, a propaganda boca a boca foi levando para mais longe a fama do espetinho, parece que quanto mais longe a fumaça ia, mas clientes o Espetinho da Ju atraía: “no início a gente começou com 20 espetinhos. Depois foi aumentando pra 50, depois pra 100 e hoje a gente faz em torno de 300 espetinhos no final de semana”, comemora. Juliana hoje, além do marido, conta com a ajuda de um funcionário contratado para dar conta das demandas aos finais de semana. Cada espetinho custa R$10.

Kellyane Ribeiro, 29, também tem uma rotina bem corrida desde que decidiu abrir sua própria hamburgueria. Ela queria tanto empreender, que esta não é sua primeira tentativa de negócio: já trabalhou com decoração para aniversário, com aluguel de mesas provençais com docinhos – até chegou a abrir uma lojinha. “Mas nenhuma deu muito certo”, revela. E antes da hamburgueria, a ideia era que o negócio fosse uma lanchonete: “tinha até nome, Delicius Lanche, foi quando minha tia sugeriu que eu focasse em uma coisa, e foi dela a ideia de ser uma hamburgueria”.

Assim como vários outros empreendedores, quando Kellyane decidiu abrir seu negócio, ela ainda trabalhava num emprego formal – a ideia era manter o trabalho por um tempo até sentir segurança na sua nova empreitada. Mas a certeza não demorou muito: quando voltou das férias, já pediu para ser demitida, o dinheiro da recisão ajudou no capital para a abertura. O resto foi só força de vontade e o sonho de empreender: “Foi quando eu me dediquei especialmente a hamburgueria. Eu comecei sem saber de nada”, diz.

Nesse início, ela teve ajuda da tia e contratou um chapeiro profissional com o qual aprendeu muito do que sabe hoje: “Tudo o que eu via ele fazendo, eu ia colocando em prática. Quando eu percebi, eu já estava fera na chapa”. Mas não só, Kellyane domina cada etapa do processo: “caixa, entrega, atendimento, chapa, apoio, a parte da montagem, todas essas operações eu sei fazer”, conta orgulhosa a empreendedora que hoje conta com 4 funcionários contratados para dar conta da demanda.

O consultor financeiro e especialista em varejo, Randal Mesquita, explica que não é de hoje que o brasileiro recorre ao empreendedorismo para incrementar ou recompor sua renda, e que na pandemia essa situação foi alçada a níveis nunca antes percebidos, a grande abertura de MEIs (micro empreendedores individuais) é uma prova marcante disso. Ele explica ainda como a maioria desses processo ocorrem: “Grande parte dos empreendedores brasileiros começam sua jornada equilibrando atividades, ocupando vagas de empregos tradicionais e enfrentado os desafios de um negócio próprio. Na medida que o empreendimento segue ganhando escala, vai exigindo mais tempo e dedicação, até forçar o empreendedor dividido a tomar a decisão de seguir exclusivamente à frente do negócio”. Ele complementa ainda afirmando que “nesse momento os pontos de interesse mudam e o empreendedor precisa dedicar atenção aos processos de gestão”.

Em comum, as duas empreendedoras tem o fato de terem sido beneficiadas por programas de desenvolvimento econômico com foco no empreendedorismo, desenvolvidos pela Prefeitura de Fortaleza por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico. E são justamente esses pequenos negócios que fazem boa parte da economia do país girar. Só para se ter uma ideia, em 2021, os pequenos negócios foram responsáveis por 78% dos empregos criados no Brasil: “os maiores empregadores são sempre os micro empresários, geram emprego na cidade inteira, trazem renda para os seus bairros e fortalecem a economia da cidade. Não à toa, Fortaleza, mais uma vez, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), é a capital do Nordeste que mais gera empregos”, ressalta Rodrigo Nogueira, secretário Municipal do Desenvolvimento Econômico.

Programas em que, em sua maioria, estimulam os micro e pequenos negócios idealizados e geridos por mulheres: “a força do empreendedorismo feminino na nossa capital é muito grande. Por toda a cidade a gente vê mulheres empreendendo, mulheres chefes de famílias, mulheres saindo de situações difíceis dentro de casa para virarem empreendedoras e terem maior liberdade sobre suas vidas. A meta agora é alcançar 40 mil mulheres, até o final de 2024, devidamente capacitadas”, afirma.

Para dar uma repaginada no negócio, em 2021, a Juliana recebeu um equipamento do Programa Meu Carrinho Empreendedor. Agora ela conta com dois carrinhos para ampliar a capacidade dos seus espetinhos. E como a microempreendedora não para, ela participou ainda de capacitações sobre gestão de marketing digital, por meio do Programa Fortaleza Capacita, que a estão ajudando a estruturar seu negócio. Mas como sem capital um negócio não cresce, ela fez também fez o curso de elaboração de propostas de negócios, do Programa Nossas Guerreiras, e recebeu R$3 mil em crédito orientado.

Quando a Kellyane decidiu abrir sua hamburgueria, ela já mirava em um desses programas pensando tanto na capacitação quanto no acesso ao crédito. Foi assim que se inscreveu no Projeto Mulher Empreendedora. Através dele, obteve expertise em áreas que não dominava, como plano de negócios e prestação de contas, assim como também pode acessar o crédito de R$15 mil para investir na sua Wonder Burguer que, diga-se de passagem, tem dado certo: “tudo o que eu conquistei foi através dela, e eu acabei me encontrando no hambúrguer. Foi ele que me trouxe o meu carro, a minha casa. Faz 3 anos que eu tenho a hamburgueria e faz 2 que eu consegui construir minha casa do zero”, comemora.


Capacitação e crédito orientado:
Mais informações e inscrições pelo site da Secretaria do Desenvolvimento Econômico ou pelo telefone 0800 081 4141


Movimento Empreender – A hora é agora!
Quer mais dicas descomplicadas para aplicar no seu negócio hoje? Então acesse movimentoempreender.com e acompanhe conteúdos incríveis adaptados à realidade dos micro e pequenos negócios.

Ebook gratuito
No site, você também baixa um ebook completo sobre Gestão Financeira, para ajudar você a administrar seu negócio com a expertise de profissionais. Acessa lá, clica no botãozinho e garanta o seu!

Notícias Relacionadas