Movimento Empreender

[Série] Com açúcar e com afeto, eles fazem seu doce predileto

A ideia veio da Indonésia, mas aqui ganhou um toque de cearensidade

Um crepe nada convencional. No negócio da empreendedora cearense Glaucyellen Leite, 27, a sobremesa pra adoçar a vida vem com uma dose de humor agregada. Na pequena lojinha, aberta em dezembro de 2021 no bairro Pirambu, a estrela é o crepe em formato de pênis, calorosamente batizado de Xibata 16cm, pra fazer jus ao vocabulário cearense. Pronto! Foi o suficiente para chamar a atenção de muita gente.

Fisioterapeuta de formação, Glaucyellen sempre achou complicada a ideia de empreender. Na contramão do que muita gente imagina, ela sempre teve na cabeça que a missão não seria uma tarefa fácil. Até o dia em que despertou para a seguinte situação – a de que estaria cedendo todos os seus esforços para que a empresa de outra pessoa crescesse, quando poderia investir seu capital intelectual no seu próprio negócio. Mas empreender em quê?

Passeando pelas timelines da vida, ela viu um vídeo na internet que falava sobre o Festival da Fertilidade na Indonésia. No vídeo, porém, outra coisa lhe chamou a atenção: os crepes no palito que estavam sendo saboreados pelas pessoas no festival tinham um formato muito peculiar. “Meu Deus, o quê que é isso mesmo? Aí eu ri, porque eles iam comendo normalmente como quem come um pastel, uma batatinha frita na esquina. Aí pensei – não! tenho que trazer isso pra cá, isso vai dar muito o que falar. E comecei a imaginar mil coisas na minha cabeça, só que eu não sabia por onde começar”.

Começou pelo início: super incentivada pela irmã, que comprou a ideia já de cara, foram em busca de fabricantes de panelas que pudessem desenvolver o molde nada convencional: “Eu e minha irmã passamos duas semanas indo de fábrica em fábrica em busca de panela. Aí disseram que eu tinha que fazer um molde de gesso, lá vai eu atrás de gesseiro e o povo achando que eu estava fazendo hora, que era trote, ninguém me levava à sério. Teve uma pessoa até que disse que não poderia colaborar com isso porque ele era da igreja”, conta uma Glaucyellen que hoje ri da situação.

Disposta a fazer o tal crepe nem que fosse na frigideira como quem faz uma bruaca, ela persistiu na ideia. Muitas pesquisas depois, descobriu porém que seria impossível encontrar uma panela que lhe servisse. E a solução não estava nas proximidades. A tal panela, ou melhor, máquina para fazer o crepe em forma de pênis, teria que vir da China. Além do tempo que levou para juntar o dinheiro, o equipamento chinês demorou mais de três meses pra chegar.

Enquanto não chegava, a empreendedora já pensava adiante. Colocou na cabeça que para ter seu primeiro negócio, ele precisava existir de fato, com direito a ponto físico e tudo: “Eu ouvia muito assim – Tu é doida, só tem uma máquina e vai abrir uma loja? E se essa máquina der o prego? Menina, bota em casa mesmo, faz delivery”. Mas Glaucyellen não deu ouvidos à negatividade geral – Além dos pitacos, ela conta ainda que o preconceito foi grande. Mas nada que a fizesse desistir do plano.

Dois meses depois, a empreendedora já lançou novidade: o Xibiu

A máquina chegou e ela, junto com a irmã, deu início aos testes: “Foi difícil achar a consistência. A massa não endurecia, ficava um crepe mole”. Mas acharam o ponto de ereção perfeito da massa, e o Xibata 16cm abriu suas portas. Hoje, dois meses depois, o Instagram da marca já soma mais de 20 mil seguidores. : “A vida é um desafio, eu posso dar certo, eu posso dar errado, mas se eu não tentar eu nunca vou saber se eu vou dar certo”, conta a fisioterapeuta, que agora se dedica integralmente ao novo negócio. O sucesso, inclusive, foi comemorado com o lançamento de um novo produto: o crepe com formato de vagina. E para não sair da linha do cearensês, foi carinhosamente batizado de Xibiu.

Uma grande ideia nem sempre quer dizer uma ideia inédita. Muitas vezes algo que deu certo num lugar pode ser replicado em outro local, com uma dose de criatividade. “A ideia nem foi minha, foi do pessoal lá da Indonésia que tem esse costume, mas quando eu pensei em trazer pra cá, por sermos um povo que ri de tudo, ri da desgraça, ri do que é bom, ri do que é ruim, então eu pensei assim acredito que vai ser bem legal misturar humor com erotismo, que o pessoal vai se divertir”.

Confira ainda a história de outros empreendedores na série completa:

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